sábado, 19 de julho de 2008

5 minutos

Se fosse esse o tempo que resta para tirar algo da casa, que parte da sua historia você salvaria?

Num estalo de dedos, tudo que é sólido desmancha no ar, e o invólucro que resguardava/desvelava uma história de vida vai parar no território do "era uma vez". Não há mais fotos para amparar as lembranças, nem coleção de discos, livros ou arte, roupas, documentos, móveis, nada.

"Além de documentos e dinheiro, as pessoas sempre querem ter alguma coisa de valor sentimental, como um retrato, para ajudar a se reerguerem. Esses objetos funcionam como uma espécie de muleta", conta o empresário Sylas Silveira, 61, voluntário que já resgatou vítimas no tsunami de Sri Lanka e Índia, no terremoto do Paquistão e em países como México, Argélia, Colômbia e Irã.

É a necessidade de salvar algumas dessas "muletas" que alimenta as tentativas de voltar à própria casa, ainda que por cinco minutos e pela última vez. "Em qualquer situação ou parte do planeta, voltar para casa é o maior desejo de quem sobrevive às tragédias", diz o voluntário brasileiro.

"Teve um morador que chorou porque conseguimos resgatar o álbum de formatura dele", lembra Paca. O rapaz, de cerca de 30 anos, teve a casa, vizinha à linha 4-amarela do metrô, demolida.

por Roberto de Oliveira e Marianne Piemonte

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