terça-feira, 18 de novembro de 2008

Inovações de "Macunaíma"


"Macunaíma foi uma obra que inovou muito", diz Noemi Jaffe. "O texto une a linguagem literária à popular e traz até mesmo erros de português, que faziam sátira ao Parnasianismo", explica a autora.
A narrativa da obra foi categorizada por seu próprio autor como uma "rapsódia", que é um tipo de composição musical com registros populares.
Além disso, Mário de Andrade "bebeu em várias fontes" para escrever "Macunaíma". Segundo Noemi Jaffe, ele dizia que sua obra era um plágio, pois baseava-se em uma narrativa do alemão Koch-Grümberg sobre os indígenas em Roraíma (Vom Roraima zum Orinoco - Do Roraima ao Orenoco). O livro também tem influências de lendas do folclore brasileiro e até mesmo europeu. Ainda de acordo com Noemi, Mário de Andrade recorreu até mesmo à psicanálise para escrever. "Ele gostava muito de psicanálise e a sua obra possui influências de Freud. Muitos interpretaram 'Macunaíma' como uma obra sobre o subconsciente", explica a autora.

Repercussão de Macunaíma
"Na época em que foi lançada a obra, sua repercussão foi média. Muita gente não entendia muito bem, inclusive os amigos de Mário de Andrade estranharam", diz Noemi. "Entretanto, não demorou muito para ficar cada vez mais conhecida".
Ainda de acordo com a autora, "Macunaíma" também acabou influenciando outros autores como Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Guimarães Rosa. "Não se trata de uma influência direta, mas sim do mesmo som de brasilidade que ecoa em algumas obras destes autores", afirma.

Macunaíma e o Manifesto Antropófago
O Manifesto Antropófago foi escrito por Oswald de Andrade em 1928 e publicado na Revista de Antropofagia. De acordo com a autora de "Folha Explica - Macunaíma", "este manifesto caracteriza-se por quebrar a idéia de aceitar tudo o que vem de fora, dos países estrangeiros.O manifesto propõe pegar o que o hemisfério norte traz de bom e criar coisas novas".
Noemi cita uma passagem de "Macunaíma" que pode ser relacionada a este movimento: "no momento em que Macunaíma mata um comerciante italiano em São Paulo, porque ele roubou sua pedra da sorte. O italiano, capitalista, acabou morto dentro de um tacho de macarrão". Entretanto, a autora explica que ao mesmo tempo em que traz esta passagem, Mário de Andrade também critica a idéia de Oswald, pois Macunaíma fracassa no final. "Ele discorda do conceito do brasileiro 'se dar bem em cima dos outros'", afirma Noemi.

fonte: folhadesaopaulo

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