sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Seca no Nordeste, ainda existe?

Para quem vive no interior desse imenso Brasil, a frase "o que Deus quiser" soa sempre como uma dor profunda que sai do coração do sertanejo. Quantas lutas perdidas, quantos sofrimentos, quantas decepções com as promessas de políticos.
A frase muitas vezes tem a conotação de um íntimo desespero, mas, ao mesmo tempo, de confiança naquele Deus em que o sertanejo sempre repõe sua última esperança, guardada no fundo, no cantinho mais escondido. Resignação, mas não desistência.E desta vez, a mesma história se repete.

Na zona da seca - assim pode-se chamá-la, visto que a seca já é cíclica, existem pessoas que ainda confiam em Deus, mas perdeu toda a confiança nos homens, especialmente nos políticos do lugar, e não é para menos. Quantos sofrimentos, quantas caminhadas para ter uma lata de água barrenta que dá cólicas e disenterias, que não mata a sede, quando na mesma caatinga estorricada pelo sol, a mansão do político tem piscina até de água mineral, plantas vicejantes regadas pela antiga Sudene, rezes bem alimentadas (como a mesma TV mostrou em outras secas).

Fora dali, crianças sedentas, famintas e com verminose, mulheres ressequidas, sertanejos enrugados pelo inclemência do sol e desesperados, em busca de uma gota de água para aliviar a sede sua e dos filhos, dos animais que deveriam providenciar sua subsistência.

Os pequenos açudes já estavam secos e barrentos. O sertanejo está vivendo outro drama da seca nordestina que dura séculos. Tenta sobreviver de qualquer maneira, esperando o socorro dos carros-pipas: quando chegam (se é que chegam) é como festa de Natal .

Temos que reconhecer que algumas prefeituras estão tentando algo como carros-pipas, algumas adutoras, mas tudo insuficiente para atender a demanda dos flagelados, alguns açudes, ainda inacabados, cujo resto de água podre nem serve para matar a sede dos animais.
Em fim, na longa história das secas, algumas coisas foram feitas, mas poucas pelo muito dinheiro que se perdeu nos caudais dos administradores públicos e da burocracia e o povo continua sofrendo. A seca do ano 70 durou 5 anos, depois veio a de 81 que durou mais cinco anos, a de 92/93 que foi a maior pelo sofrimento e pelo descaso das autoridades. ... apesar do pouco que tinham, os flagelados tudo dividiam entre si, ajudando em particular as mulheres e as crianças, enquanto muitas vezes os homens fugiam do sertão para a cidade, em busca de nova vida, mas, freqüentemente, esqueciam os que tinham deixado para trás.
Obs: Este artigo me parece ser bem antigo, e eu me lembro perfeitamente de pessoas que relatavam exatamente este tipo de conversa. Mas gostaria de saber se esta seca ainda existe no nordeste.
fonte: mundo e missão

1 comentários:

Nacir Sales disse...

Amanhã tem SANDRA CANTII em DOMIGO É DIA DE BLOG, o post semanal do Dr. Negociação.