ESTUDANTES DA USP MANTÊM OCUPAÇÃO DA REITORIA

Cerca de 400 estudantes ocuparam o prédio da reitoria da USP (Universidade de São Paulo), na capital paulista, nesta sexta-feira (04).

Os estudantes protestam contra os decretos do governador de São Paulo, José Serra, que tiram a autonomia do ensino superior paulista (clique aqui para ver a reportagem).

Por decreto, o Governo do Estado congelou a contratação de novos professores e funcionários e passou a gestão dos recursos da universidade para o próprio governo.

Os estudantes reivindicam também a reforma de alguns prédios da universidade e o aumento do número de vagas para moradia.

De acordo com os estudantes, eles tentaram uma audiência pública com a reitoria da USP, mas não foram atendidos. Foi depois disso que decidiram ocupar o prédio.

“Nós chegamos aqui e fomos impedidos de entrar, aí aconteceu a ocupação. É uma falta de respeito”, diz a representante da comissão de negociação, Ellen Ruiz, estudante de História.

O Sindicato dos Trabalhadores da USP decidiu apoiar os estudantes na manhã desta sexta-feira. “Nós estamos apoiando, claro. Porque eles estão lutando contra os decretos do Serra”, afirmou o diretor do sindicato, Alexandre Pariol.

O vice-reitor da USP, Franco Lajolo, se reuniu com uma comissão de estudantes. Foram quase três horas de conversa, mas nada ficou decidido. “Nesse movimento a representação estudantil tem várias posições. A universidade tenta dialogar o máximo possível e está fazendo esforços nessa direção”.

A representante da comissão de negociação dos estudantes disse que a ocupação vai continuar. “A ocupação vai continuar até o movimento deliberar se aceita ou não a proposta da reitoria”, afirmou.

O estudante de história David Pereira sente na pele parte dos problemas que a universidade enfrenta.

Ele já tentou por três vezes conseguir moradia no campus. Pereira acredita que agora vai ficar mais difícil, já que os recursos vão ser gerenciados pelo governo. “No meu curso existem vários casos de pessoas que abandonaram porque não tinham moradia. É recorrente, principalmente nos cursos que têm alunos mais pobres”.

A USP tem cerca de 65 mil estudantes, 15 mil funcionários e cinco mil professores. A reitora da USP, Sueli Vilela, não atendeu aos estudantes porque viajou para a Espanha.