O ensino brasileiro, público e privado, piorou na última década, indicam os exames de avaliação. O novo plano do governo terá a capacidade de mudar o futuro?
Há boas e más notícias sobre a educação no Brasil. As más foram divulgadas pelo Ministério da Educação na forma dos resultados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb). A avaliação feita em 2005 e divulgada em fevereiro deste ano trouxe os piores índices de rendimento entre os alunos da 8ª série do ensino fundamental e da 3ª série do ensino médio desde 1995, ano em que a metodologia do exame foi alterada para que pudesse ser comparável aos resultados de anos posteriores (o exame existe desde 1990). Apenas os alunos da 4ª série apresentaram uma pequena melhora, de três pontos, mas o desempenho ainda é inferior ao de dez anos atrás.
A reação do governo aos péssimos índices da década aconteceu um mês depois da divulgação. No dia 15 de março, o ministro Fernando Haddad lançou o Plano de Desenvolvimento da Educação, que pretende injetar 8 bilhões de reais nos próximos quatro anos em ações variadas, que abrangem todos os níveis de ensino, das creches ao pós-doutorado. O plano pretende usar os dados do Prova Brasil, uma nova modalidade de exame que permite avaliar os resultados por escola e por rede de ensino, para estabelecer um índice da evolução de cada município. O objetivo é premiar com reconhecimento, apoio técnico e verbas quem apresentar melhor desempenho.
Outro destaque do pacote educacional, reivindicação histórica dos professores, é o estabelecimento de um piso salarial nacional, provavelmente na faixa dos 800 reais. Também haverá mais uma avaliação, o Provinha Brasil, para crianças entre 6 e 8 anos, a criação de 150 escolas técnicas em cidades-pólo, a ampliação do programa Bolsa Família para atender jovens até 17 anos na escola e um programa de pós-doutorado para tentar segurar no País os cérebros mais criativos. As iniciativas foram bem recebidas por educadores e até pela oposição.
O Plano de Desenvolvimento da Educação colocou em evidência o Prova Brasil e é justamente do cruzamento de informações do exame que surgiram alguns sinais de vitalidade pedagógica. São escolas com boa pontuação, apesar da falta de recursos. Como o Prova Brasil permite avaliar o desempenho das unidades de ensino, fica possível identificar estratégias bem-sucedidas. Tímidas ainda, mas exemplares, elas fazem parte das boas notícias, pois revelam que há escolas públicas onde professores ensinam e os alunos aprendem (reportagem na edição impressa).
http://www.cartacapital.com.br/edicoes/2007/abril/439/impavido-colosso
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