Segundo o professor Manoel Mourivaldo Almeida, um dos coordenadores do Projeto Caipira, espécie de força-tarefa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) para registrar o falar caipira paulista, quando as bandeiras seguiram a rota do Tietê foram deixando como "rastro" uma cultura própria e sua forma de falar, com a pronúncia do "erre" chamada pelos linguistas de retroflexa. "Como eram comunidades mais isoladas que a capital, houve uma manutenção desse português", afirma.
De todas as características que marcam o dialeto caipira, é justamente o "erre" retroflexo a mais misteriosa e polêmica. Isso porque ele é a única "invenção" do dialeto - os demais traços são herança do português falado no norte de Portugal na época da colonização. "Tem muito mito em torno da pronúncia do ‘erre’. Ele só existe no Brasil e numa faixa específica", diz Almeida.
Alguns linguistas defendem que a forma caipira de dizer o "erre" veio da influência do tupi no português. A língua dos índios tupinambá teria sido a influência mais óbvia, pois muitos bandeirantes falavam a língua geral, uma mistura de português e tupi. A hipótese, porém, é descartada por Almeida. "Não há registro no tupi dessa pronúncia. Ela só existiu em uma outra língua indígena, pouco conhecida, o macro-gê."
Apesar de todos os estudos, até agora o processo exato que levou esse único som do macro-gê para dentro da língua portuguesa permanece desconhecido.
Fonte: Ultimo segundo
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